Vida marinha
Cientistas propõem 'guarda-chuvas' e 'choques elétricos' para salvar espécies marinhas
Grupo formado por americanos e australianos alerta para "massacre" de espécies marinhas se níveis de CO2 nos mares continuarem a aumentar
Jean-Philip Struck
A grande barreira de corais na Austrália,que está ameaçada pelo aumento da acidez dos oceanos
(Thinkstock)
As propostas foram publicadas em um artigo na versão on-line da revista Nature Climate Change. O artigo é assinado pelos cientistas Greg Rau, ligado à Univerisade da Califórnia (EUA), e Elizabeth McLeod, da ONG Nature Conservancy, e Ove Hoegh-Guldberg, da universidade de Queensland (Austrália). Os dados utilizados são do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) e da União Europeia de Geociências.
Segundo o grupo, a crescente acidez dos oceanos é causada pela concentração de dióxido de carbono (CO2), que vem aumentando na atmosfera e tem impacto direto na vida marinha. Parte dele é absorvida, aumentando a temperatura e o nível de acidez das águas.
Soluções excêntricas — O artigo afirma que as atuais políticas de preservação da vida marinha, que favorecem a redução dos níveis atmosféricos de CO2, e o monitoramento de reações físicas e químicas das espécies são insuficientes para combater as mudanças nos oceanos.
Segundo os cientistas, corais fragilizados poderiam ser protegidos da intensidade do Sol sendo cobertos com panos de sombra, como os que já são utilizados na agricultura.
Outra ideia é o tratamento de choque, que utiliza uma corrente elétrica em estruturas metálicas submersas. Eletrificadas, elas fazem com que os minerais dissolvidos na água se cristalizem, formando calcário branco e criando colônias para ostras e corais.
O estudo também sugere a adição de silicatos e outras substâncias químicas básicas na água, como meio de reduzir o PH do meio. Por fim, os cientistas propõem que os corais passem por uma seleção semelhante àquela que agricultores fazem com sementes. Os mais resistentes seriam escolhidos e criados para serem introduzidos nas áreas atingidas.
Opinião do especialista
Augusto FloresProfessor de biologia marinha da USP
"Só cortar as emissões de CO2 não é mesmo suficiente, já que os níveis de concentração ainda demorariam anos para baixar, mas é difícil dizer que técnicas como ‘guarda-chuvas’ e silicatos possam ajudar, já que isso nunca foi testado em grande escala."
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